terça-feira, 3 de agosto de 2010

Breve Histórico do Terminal Central de Campinas - Gabriela Pardim

Desde o inicio do século XX, Campinas passou por muitas modificações arquitetônicas, principalmente na sua região central. Na época em que essas mudanças foram realizadas, engenheiros não se preocupavam com a preservação da região, assim a cidade que foi projetada para exportação cafeeira, com trens, no inicio do século XX, teve mais de 300 prédios demolidos, para dar passagem à “era do automóvel”. Com a consolidação do Plano Prestes Maia, na década de 20, não havia questionamento para a preservação de patrimônios históricos de Campinas, por isso existem poucas construções tombadas: a intenção do plano era “trocar o velho pelo novo”, sem pensar nas conseqüências.
A construção de edifícios públicos e o alargamento de avenidas paralelas aos eixos comerciais (Avenidas Francisco Glicério e Campos Salles) foram as primeiras transformações realizadas na região central de Campinas. Após a ampliação da área central, os terrenos ficaram mais baratos, devido às irregularidades de alinhamentos encontradas nas vias, assim em 1953, houve uma proliferação de loteamentos na região. No mesmo ano, houve uma alteração no Plano de Melhoramentos Urbanos da cidade exigindo reserva de áreas livres, e outra em 1957, delegando a execução de infra-estruturas de redes de água e esgoto. A partir de 1954, iniciou-se o crescimento da cidade na vertical, assim antigos casarões do período colonial foram substituídos por edifícios.
Antes da construção do viaduto, havia uma passagem do Centro de Campinas para a Vila Industrial, sendo está passagem veio substituir a Porteira da Capivara. Ela era estreita e passava uma fileira de automóvel de cada vez, tendo um guarda de controlador.
O viaduto Miguel Vicente Cury foi idealizado para criar um elo entre a entrada da cidade de Campinas pela Prestes Maia e a região central, dando acesso à cidade pela Avenida Moraes Salles. “Todos os eixos seriam fecundados e a cidade aumentaria circularmente” [PASCHOALIN e BODSTEIN]. Sua construção iniciou-se em 1961, e em 1963, foi inaugurado.
Desconhecido pelas novas gerações, no meio do viaduto, havia uma área verde, o “Lago dos Cisnes” um dos cartões postais da cidade nos anos de 1970, exibindo um cenário que parecia um oásis com “aves que se divertiam no espelho d'água entre os canteiros e as árvores frondosas” com um relógio de sol, um lugar de lazer para todas as faixas etárias.
A temática da praça foi inspirada na produção teatral mundial “Lago dos Cisnes”, recordando o ar aristocrático do tempo dos barões de café preservado na primeira metade do século na cidade, em pleno processo de industrialização. Mas o glamour sugerido pela peça, não conseguiu se manter, e em 1983, o jardim foi substituído pelo atual terminal de ônibus na gestão de Magalhães Teixeira. Nada foi argumentado contra o fim da praça, que se encontrava abandonada, sem manutenção e violenta.
O terminal traz desde seus primórdios, o des caso dos governantes. Pensaram no crescimento industrial da cidade, e onde havia “portas” abriram rodovias e onde havia “janelas” abriram avenidas transformando-a no que vimos hoje. A região central da cidade sofreu um descaso com sua história, hoje, pouco encontra-se “como tudo começou...“. No meio das “portas e janelas” havia um grande parque arborizado de lazer, e novamente o descuido se fez presente, e como era mais fácil construir do que dar manutenções, novamente às entidades de poder colocaram no lugar de um parque sujo, um terminal de ônibus de metal e concreto.●

3 comentários:

  1. Bons tempos esses , quando era criança

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  2. Eu tive o previlegio de conhecer um pouco da história do terminal central de Campinas no ano de 1974, eu amava as plantas hornamentaveis e às belas carpas coloridas nosjardins e que logo deu a horigem ao nosso agora terminal central de Campinas..

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  3. Comentário de Luiz Lourenço dias 14 de janeiro de 2020

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