terça-feira, 3 de agosto de 2010

Mestre Pastinha - Léo Lopes

Cerca de onze meses após a oficial abolição da escravatura e sete meses antes da proclamação da República no Brasil... Em 5 abril de 1.889 a cidade de Salvador/BA, amanheceu mais bonita, naquele céu de outono cintilaram as estrelas em saudação: nascia Vicente Ferreira Pastinha, o Mestre Pastinha!Filho de Raimunda dos Santos, uma mulher negra de Santo Amaro da Purificação e de José Señor Pastinha, um pequeno comerciante de origem espanhola. Menino franzino e pequenino quando contava com seus dez anos de idade, vivia apanhando de um garoto que morava no caminho da venda onde tinha que buscar coisas para sua mãe todos os dias. Certo dia quando voltava chorando para casa foi abordado por Benedito, um velho africano que lhe disse:



"Ocê qué enfrentá esse menino na raça, mas não pode.
Esse menino é mais ativo que ocê!
O tempo que ocê vai pra rua empina arraia, vem aqui pro meu cazuá que vou lhe ensina uma coisa de muita valia."




E assim deu-se inicio o aprendizado deste que veio a se tornar um dos maiores mestres da história da Capoeira. Reponsável por um projeto de organização, preservação e difusão da Capoeira Mãe, a Capoeira Angola. Num tempo onde esta era considerada um crime pela sociedade ele alçou a bandeira da dignidade da Capoeira, como cultura, como arte, terapia, esporte, defesa pessoal e caminho para o aprimoramento dos valores humanitários essenciais a vida social como a cooperação, o respeito mútuo e a solidariedade.


A este projeto deu o nome de Centro Esportivo de Capoeira Angola o qual mesmo depois de seu falecimento em 13 de novembro de 1.981, continuou e continua sendo uma realidade pelas mãos de Mestre João Pequeno de Pastinha. O mais velho capoeirista em atividade no mundo que aos seus noventa e um anos de idade persevera e difunde através de seus discípulos a riqueza desta arte.


Mestre Pastinha foi muito mais que um mero praticante de Capoeira, ele transcendeu o veio das possibilidades, foi um pensador, um filósofo da cultura popular do Brasil. Na menina de seus olhos uma visão distinta:




"A capoeira é amorosa, não é perversa.
A Capoeira é um costume como outro qualquer,
Um hábito cortês que criamos dentro de nós..».

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