quarta-feira, 16 de março de 2011

Todo dia é Dia do Índi@ - Márcia Cecilia Ribeiro dos Santos

O COTIDIANO DE QUEM RESISTE CONTRA A IMPOSIÇÃO DE UM MODO DE VIDA CAPITALISTA.












Mulher Indígena com a filha no colo, procura barrar a violenta tropa de choque em processo de desalojo de comunidade indígena na periferia de Manaus.



“Queremos mostrar, a todos aqueles que nos oprimem, (...) no Dia do Índio, queremos oferecer um pouco dos nossos valores a essa sociedade, que está despida dos valores espirituais e humanos. Esses valores vocês encontrarão na nossa forma simples de vivermos a vida”.

Marçal Tupã`Í, líder guarani
assassinado em 1983 por jagunços a mando de latifundiários em Mato Grosso do Sul. Os assassinos de Marçal permanecem em liberdade, pois foram vários momentos em que latifundiários locais recorreram para prorrogar o julgamento. Assim como o caso de Galdino, Pataxó Hã-Hã-Hãe queimado vivo em Brasília em 2007, a justiça brasileira evidencia que realmente se encontra de olhos vendados ao descaso que a população nativa sofre cotidianamente para viverem suas vidas tradicionais.






Mês de abril à vista, considerado por muitos como o mês indígena, isto devido ao dia 19, conhecido como o Dia do Índio. Seria lindo se não fosse trágica a visão estúpida e preconceituosa que grande parte da nossa sociedade dita civilizada tem perante os nossos irmãos e irmãs, conhecedores de cada palmo da mata nativa que ainda perpetua de pé diante do desmatamento diário entre esses 500 anos.

Diferentemente do que prega um absurdo folclore inventado pelas mentes colonizadoras, não há nada o que se comemorar o dia do índio. Comemorar o quê? 511 anos de massacres, de racismo, de chacota, de desrespeito, de expulsão de suas terras ancestrais? E continuar perpetuando a falta do reconhecimento destes povos a muitos dos hábitos e costumes que a sociedade dita civilizada tomou pra si, como a sua gritante influência presente nas artes praticadas por nós? Será que os membros desta sociedade continuarão alienados pelos seus míseros poderes de consumo e pelas prepotências individualizantes que contaminam os valores das pessoas presentes na sociedade dita civilizada?
Muitos na atualidade afirmam ter alguma ancestralidade indígena por parte de suas mães, e afirmam com um certo orgulho a trágica história destas mulheres indígenas laçadas para servirem de escravas, de dia na casa e de noite na cama, constituindo assim diversas famílias a partir do estupro. Mentes colonizadas que não percebem que reproduzem, de alguma forma ou de outra, o mesmo mal praticado por bandeirantes destruidores de quilombos ao menosprezar seus irmãos e irmãs de luta, que sonham um mundo diferente deste que aí está – eis que surge o massacre das diversidades a partir de uma visão unilateral.

Poderíamos nós, membros desta sociedade tão opressora, descendentes afro-europeu-indígenas, aproveitar a data para refletirmos sobre nossos próprios atos diante de uma sociedade tão impregnada de maldade, resultante de 511 anos de violência e barbárie imposta aos nossos ancestrais, e assim buscarmos para nossa própria vivência – que se faz necessária! – a nossa busca da tão sonhada profecia guarani de uma Terra Sem Males.

Salve o Povo Guarani e Kaiowa!
Salve o Povo Terena!
Salve o Povo kaingang!
Salve o Povo Xucuru!
Salve o Povo Pataxó!
Salve o Povo Timbira!
Salve o Povo Karajá!
Salve o Povo Tapirapé!
Salve o Povo Javaé!
Salve o Povo Kaiapó!
Salve o Povo Ticuna!
Salve o Povo Mapuche!
Salve o Povo Quechua!
Salve o Povo Macuxi!
Salve o Povo Tupinambá!
Salve o Povo Sateré-Mawé!
Salve o Povo Wapichana!
Salve o Povo Yanomami!
Salve todos os Povos indígenas do continente americano que cotidianamente, há 511 anos, resistem ao padrão e aos valores de vida capitalista impostos a tod@s nós.

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