quarta-feira, 16 de março de 2011

Autobiografia de Mestre Zé-do-Lenço (Salvador/BA)



Entre as décadas de 1930 e 1940 chegou à Jaqueira do Carneiro, no Retiro (Salvador- Bahia), um senhor de nome Elizio Maximiano Ferreira, natural de Teixeira de Freitas - Bahia conhecido dentro da capoeira como Espinho Remoso, através da aproximação com Antonio Eloi dos Santos, Mestre Casarongongo, onde trabalhavam juntos na fazenda de cana de açúcar e treinavam capoeira em São José da Quimbaca onde morava Tiodé. No mesmo período surgiram os primeiro movimentos de capoeira na comunidade do Retiro, que era freqüentado por grandes capoeiristas como Mestre Valdemar da Pero Vaz, Zacarias Boa Morte, Gigantinho,Ferrugem e outros. Acontecendo aos domingos à tarde sendo o único lazer do bairro, mais precisamente em um barracão, onde durante os dias da semana funcionava uma escola. Desta escola surgiram muitos capoeiristas que eram alunos de Espinho Remoso, Loriano, João Catarino, Dario do Pandeiro, Barbosa da Boca do Rio, Buiu, Diogo, Florzinho, Florisvaldo, Moises, Valdomiro, Chico Zoião, Firmino, Valdir e Limão. Com o falecimento de Espinho Remoso em 1960 o bairro ficou sem o único lazer que a comunidade admirava.
José Alves, natural de Irará Bahia, chegando ao mesmo bairro em 1958, se aproximou do filho mais novo de Espinho Remoso chamado Raimundo e Valdir todos capoeiristas. Em 1962 José Alves inicia a capoeira com os filhos de Espinho Remoso, na Jaqueira do Carneiro sendo os treinos as quintas e sábados numa casa velha de senhor José do Vale, sem energia elétrica tendo que ser feito gato de uma casa para outra para acontecer o treino, que terminava sempre em pancadaria.
José Alves, o menos favorecido na capoeira, já tocava pandeiro e tinha um berimbau com cabaça de lata. A capoeira era discriminada por algumas pessoas do bairro, e nos dias de treino os filhos de Espinho Remoso iam buscar José Alves em casa por causa do berimbau e pandeiro.
Ao se aproximar a casa velha os moradores do local diziam:
- “Lá vem o mestre da bagunça. Ninguém vai ter sossego durante essas horas.”.
Daí em diante nós fomos crescendo e formamos uma reunião, e nesta reunião estavam presentes José Alves, Raimundo, Cecílio, Ubirajara, Ivo, Carlinho, Enoque e outros para escolher um líder e desse líder tinha que surgir um apelido.
No matadouro de boi do largo do Retiro tinha um cidadão que exercia sua função de trabalho magarefe, e era um bom violeiro e sambador chamado José do Lenço, José Alves era muito amigo dos seus filhos. A turma logo fez comparação e semelhança: “José Alves gingando parece seu Zé do lenço sambando.” Ai deram muita risada e passou a chamar José Alves de Zé do Lenço e logo após a comunidade passou a chamá-lo de Mestre Zé do Lenço.
Zé do Lenço foi apresentado ao Mestre Diogo através de Raimundo, pois Diogo era filho de criação de Espinho Remoso, que passou a dar orientação não só a Zé do Lenço como aos outros alunos. Daí surgiu a Relíquia Espinho Remoso.

3 comentários:

  1. Olá mestre! É uma honra! Ainda vende berimbau e outros instrumentos musicais? A última vez que o vi foi na Sete Porta em Salvador.

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  2. Mestre Zé do Lenço, esse mestre tem Caloi, eu tiro meu chapéu para esse grande mestre de capoeira...👏👏👏👏🙏🧙🏽‍♂️tk🦎

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