sábado, 20 de novembro de 2010

Mucama do Cambuí - Larissa Lisboa

A Mucama do Cambuí
É tão branca que nunca vi
Tem dinheiro no bolso
Mas não quer repartir

A Mucama do Cambuí
Fingi que gosta de socializar
Está sempre pronta pra tagarelar
Mas vira a cara pro City Bar

A Mucama do Cambuí
Faz bronzeamento na Capital
Alisa o belo e se acha a tal
Mas fica tão feia que é de rir

A Mucama do Cambuí
Não é a mesma que a daqui...

Branqueou a avenida
Tentou sambar
Mas caiu do salto
Tombou na cor

A Mucama do Cambuí
Era tão negra que sempre vi
E mesmo sem dinheiro no bolso
Tinha sempre o que repartir

A Mucama do Cambuí
Não fingia socializar
Estava sempre pronta pra trabalhar
Lavando banheiro sujo do City Bar

A Mucama do Cambuí
Tinha um bronzeamento natural
Não escondia a raça e era cabal
Ficando tão bela que eu nunca vi

Mucama de hoje, te digo:
O Cambuí
já foi o Haiti
Mas hoje
Não tem mais saci
Tombou na cor

A mucama
de ontem
No hoje
Manca

E não produz?

Por detrás dos restaurantes
Nas cozinhas sujas
Nos banheiros usados
Limpando a merda
Que você mesmo produz!

Merda não, cocô!

Desculpe o jeito
Mas é o único perfeito
Pra gritar o meu desejo
De cuspir na sua cara
E sambar na madrugada

Mas a City Banda só toca de dia...
Aqui não é o Rio de Janeiro, esqueceu?

Ih, é mesmo!
Esqueci que exploraram o carnaval
E aqui o samba é seu rival

Vamos ouvir a sinfônica no Cambuí
E deixar de falar desse Zumbi!

Mas não é o mesmo repertório de todos os anos?

De ano em ano
a galinha enche o saco!

É papo!

Nele também cabe...

Não!
É a verba!
Releva!
Eles não são culpados
Todos devem ser coroados
Dentro da cultura brasileira!

Mas enquanto o rei leva a coroa
Seus súditos são coronhados
Marretas, armas e estiletes
Desgraça armada

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