sexta-feira, 1 de julho de 2011

Bosqueto de Jota Miranda



torrões auriverdes

Eis que fui ter comigo e me apercebi aos torrões d'aço sorrateiramente postos aos meus pulsos, como quem, em delírio, roga favores na turva desconhecida, por comedimento ou moralidade.
No entanto, quando me ative em mim mais que nada, notei outro torrão, que outrora até me foi leve mas que hoje me retém pressão atmosférica de uns cinco céus em aleivosia, com pecados públicos, e oceanos densos e negros acondicionados em barris impudicos: uma tal de responsabilidade.
Mas eu não pedi nem pra nascer!




telescópios sofisticados perscrutam o céu

Telescópios sofisticadíssimos perscrutam a vida alheia.
Telescópios sapientes varrem as mentes cósmicas da gen-tê.
E se me permite quebrar novamente a métrica dormente
Eis que lhe sobra o protocolo meu da gente, eu, telescópio pungente.


AINDA RESTA INFINDA ESPERANÇA

Num tom melancólico e despercebido, quase num solilóquio, esbraveja a chuva denegrida em abafados rumores de desdém.
Essa chuva que varre o planeta carrega tristes os olhos, confusa e inimaginavelmente diluidos em água.
Trás consigo o desamor com que regamos uns aos outros, tal qual pesticidas em plantações de pé-de-que. A quem queremos destruir?
Mas a chuva é sábia e mais que triste. Sugere a algarvia um mergulho, profundo, em suas brandas águas, das mais diversas.
- vamos numa viagem ao fundo do meu infindo oceano d'águas. Precisamos todos, afinal, dum esquecimento dest'mundo.



descompassada gira a terra

sada a terra gira descompas
ssada a terra gira descompa
assada a terra gira descomp
passada a terra gira descom
mpassada a terra gira desco
ompassada a terra gira desc
compassada a terra gira des
scompassada a terra gira de
escompassada a terra gira d
descompassada gira a terra.




no quê tropeço e no esse ataco

Que desacata a gente, que é revelia.
Que à revelia nos julga, e nós na surdez a catar
Catar num copo de bebida vida vazia, turva rebeldia

Donde desfecha e desfila, rebelde desconhecida?!
Donde se fecha e revida, vivaz quão descomedida?!

Eis que feliz se faz e esmorece cá no poema-pílula
A antes irresoluta e trôpega alma, que em derredor
Se encontrou decidida, categórica e necessária.


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